terça-feira, 29 de maio de 2012

UM MOVIMENTO DE JOVENS RESILIENTES



Imagino que se entendermos como algumas pessoas são capazes de passar por situações de violência e estresse e aprender alguma coisa com isso, poderíamos desenvolver a nossa capacidade de evangelizar e acompanhar e adolescentes e jovens em situação de risco, incluindo aí, os adolescentes e jovens vítimas de violência dentro de suas casas, situação muito comum em nossa cidade. As pessoas cujas histórias demonstram essa capacidade têm sido denominadas resilientes.

Resiliência é um conceito da física. Trata da capacidade de um material sofrer pressão e recuperar o estado anterior quando cessa a tensão. Evidentemente que em pessoas isto é diferente, pois ninguém volta a ser o que era antes de uma situação de violência ou tragédia. Mas algumas pessoas conseguem aprender com isto, desenvolver habilidades, capacitam-se para a vida, para a interação. Toda carência é capaz de gerar competência.

Nas histórias de vida de resilientes observamos que essas pessoas sempre puderam contar com alguém. Nunca, em nenhum momento estavam sozinhas. Isto a gente observa também no personagem mitológico Ulisses. O herói grego que enfrenta muitas batalhas sempre conta com alguém. Muitas vezes a companhia de quem está passando por um momento difícil faz um pequeno gesto. No dizer do meu amigo e terapeuta Cícero Fernando trata-se de um “pequeno nada”. Mas para quem recebeu estou chamando de “pequena alegria”. Estes momentos de pequenas alegrias dão uma enorme capacidade de restauração. E é isso que os jovens me falam sobre o Segue-me. Mais do que as palestras e o ensino, o que sobressai nos relatos é a atmosfera, o acolhimento. Isto que algumas pessoas têm a felicidade de desfrutar durante a vida deveríamos tratar como um direito, o direito à ternura.

Além dos “pequenos nadas”, o Segue-me demonstra que podemos fazer muito na promoção de resiliência dos jovens. Primeiro acreditar na capacidade de aprender que cada jovem tem. Estabelecer uma relação pautada no paradigma da esperança, segundo o qual, podemos enfrentar os desafios, porque nos nossos gestos fazem diferença, alteram o mundo. Apoiar a capacidade de sonhar, imaginar o futuro, fazer profecias positivas para cada jovem. Outra habilidade na qual o movimento pode ter um papel fundamental é no modo de analisar as situações problemáticas. Podemos aprender a ver as coisas por inteiro. Aprofundar criticamente no problema, nos obstáculos, mas sempre considerar as oportunidades e caminhos para a resolução.

Se os jovens de nossas igrejas desenvolvessem um compromisso coletivo e pessoal com a evangelização interagindo, questionando, experimentando, agindo, nossas paróquias não precisariam de muros altos e feios.



Junio Cesar Ferreira - Psicólogo, e Palestrante no Segue-me

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