segunda-feira, 28 de maio de 2012

A IMPORTÂNCIA DAS PEQUENAS COISAS



Bem, do ponto de vista prático, podemos dizer que, antes de querer fazer o bem, antes de levarmos o Evangelho de Jesus, importa não acrescentar intolerância, violência, julgamento. Há muito sofrimento no mundo e não é preciso ajuntar mais sofrimento ao sofrimento. Por isso a primeira coisa que podemos fazer é tentarmos ser felizes, pelo menos um pouco. Porque se estivermos com um pouco de paz, haverá pelo menos um lugar no mundo em que existe um pouco de paz.

Eu costumo contar para os Seguimistas a seguinte estória: O Seguimista teve um sonho. Nesse sonho Deus lhe disse: “Seguimista, o mundo vai mal, é preciso salvar o mundo”. Pela manhã, quando acordou, o Seguimista respondeu a Deus: “Sim, Senhor, eu vou salvar o mundo”. E o Seguimista perguntou a si mesmo por onde começar, pois o mundo era muito grande. Pensou em começar pelo seu país, mas seu país era muito grande. Por onde começar? Por sua cidade? Mas sua cidade era muito grande. Quem sabe vou começar pelo minha quadra, mas minha quadra é muito grande. E assim, pouco a pouco o Seguimista compreendeu que ele devia salvar o mundo começando pelo seu próprio quarto, começando pelo seu próprio coração porque a sua inteligência, o seu coração, o seu corpo eram este pedaço de universo que lhe foi confiado, este pedaço de sociedade que lhe foi confiado.

Sabemos o que vai mal no mundo, podemos nos lamentar, julgar a causa deste ou daquele problema, mas nada mudamos porque é preciso começar por este pedaço de humanidade que nos foi confiado. A partir daí as coisas realmente podem se transformar. E essa atitude nossa não será visível imediatamente mesmo que seja efetiva, pois, como nos lembram os cientistas, tudo esta interconectado com tudo e, portanto, qualquer pessoa que se eleva, que abre o coração, eleva e abre o coração do mundo.

Certa vez fizeram um questionamento à madre Teresa de Calcutá: “Pra que serve esse seu trabalho? Você acolhe um velho no seu abrigo, mas se você olhar na rua eles morrem às centenas. O que você faz madre parece não ser para nada. É apenas uma gota d’água no oceano, uma gota d’água neste oceano de miséria que existe no mundo”. Ao que madre Teresa respondeu: “Eu sei que o que faço é apenas uma gota d’água, mas o oceano é feito de gotas d’água”. Nós todos do Segue-me, cada um de nós, somos uma gota d’água e é nossa responsabilidade transformar este oceano de miséria, de indiferença e de dor em um oceano de água doce e clara. Esta resposta, ou seja, participar do Segue-me é um convite a uma prática, às vezes humilde e invisível.  Eu penso em todos os conflitos, violências, abandonos que existem em nossa cidade. O que fazer para que isso mude? Talvez possamos começar pela paz que colocamos nos diferentes bairros da nossa cidade interior, nossos pensamentos, nossas percepções, nossos afetos. Algumas vezes nossos bairros estão em conflito e existe guerra entre eles. A paz em nossa cidade começa pela paz que colocamos em nossos bairros interiores. Este é um trabalho concreto e prático que realmente pode mudar alguma coisa. Se há um pouco de paz em mim, haverá no mundo pelo menos um lugar onde a paz existe. Essa prática nós a encontramos em Jesus.

Não se pode mudar o mundo e a sociedade sem primeiro transformar-se a si mesmo. É por aí que é preciso começar. Começar não acrescentando perturbações e dores. Começar por estar em paz, olhando tudo com limpidez e transparência. Então, alguma coisa dessa transformação interior poderá ser comunicada aos jovens que nos propomos cuidar. É preciso olhar com afeto onde estamos colocados nesse belo movimento da Igreja, o que nos é pedido. Eu vejo que a alguns é pedido que falem, que se sirvam de sua inteligência para observar as consequência deste ou daquele problema. A outros é pedido que preparem uma boa refeição, que lavem a louça, a outros, ainda,  é pedido que se ocupem de alguém que vive na rua, que trabalhem com suas mãos, ou que levem, a partir da sua oração e do seu silêncio um pouco de ternura e paz ao coração de alguém.

Não devemos nos comparar com ninguém e cada um de nós sabe o que, realmente, tem a fazer. No Segue-me não existem coisas pequenas ou grandes. Existem maneiras pequenas de fazermos o que temos a fazer, assim como existem maneiras grandes de fazer as pequenas coisas que temos a fazer. É este caminho que nos foi dado para caminhar.


Junio Cesar Ferreira - Psicólogo, e Palestrante no Segue-me


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