“A indulgência retira as penas
das almas do purgatório”
No Dia de Finados, “aos que
visitarem o cemitério e rezarem, mesmo só mentalmente, pelos defuntos,
concede-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos. Diariamente, do
dia 1º ao dia 8 de novembro, nas condições costumeiras, isto é, confissão sacramental,
comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice; nos restantes
dias do ano, Indulgência Parcial (Encher. Indulgentiarum, n.13)”.
“Ainda neste dia, em todas as
igrejas, oratórios públicos ou semi-públicos, igualmente lucra-se uma
Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos; a obra que se prescreve é a
piedosa visitação à igreja, durante a qual se deve rezar o Pai-nosso e Creio, confissão
sacramental, comunhão eucarística e oração na intenção do Sumo Pontífice (que
pode ser um Pai Nosso e Ave-Maria, ou qualquer outra oração conforme inspirar a
piedade e devoção).” (pg. 462 do Diretório Litúrgico da CNBB).
Mas, afinal, o que é indulgência?
Para falar deste assunto tão comentado pelos fiéis da Igreja Católica, durante
o Dia de Finados, o cancaonova.com conversou com o professor Felipe Aquino.
cancaonova.com: O que é indulgência?
Felipe Aquino: A indulgência é
o cancelamento das penas devidas pelos pecados que nós cometemos e que já foram
perdoados na confissão. Mas é preciso explicar uma coisa: quando se comete um
pecado grave, há duas consequências: a culpa e a pena. A culpa é aquela ofensa
que se faz a Deus e a confissão perdoa. No entanto, ainda fica a chamada ‘pena
temporal’, que é o estrago causado pelo pecado na sua própria alma, porque você
deixou de ser mais santo. Então, há de querer recuperar isso. Essa pena nós
cumprimos aqui na terra com orações e penitências ou no purgatório, se a pessoa
morrer com elas.
A indulgência retira essas
penas das almas do purgatório; elas fazem aquilo que nós chamamos de sufrágio
da alma.
cancaonova.com: A indulgência é do tempo de Jesus ou uma criação do
Papa?
Felipe Aquino: A indulgência é
uma descoberta da Igreja, mas que, evidentemente, está no coração de Jesus. Ele
não ensinou todas as coisas para Igreja, mas deixou que o Espírito Santo fosse
as ensinando. Tanto é que, na Santa Ceia, Ele disse para os apóstolos: “Eu
ainda tenho muitas coisas para ensinar, mas vocês não estão preparados para
ouvir agora. Quando vier o Espírito Santo ensinar-vos-á todas as coisas ” (Jo
16,12). O Espírito de Deus, então, foi ensinando para a Igreja, nesses 2 mil
anos, e as indulgências começaram logo nos primeiros séculos. Ela foi aprovada
pela Igreja e pelos papas até hoje, mas, evidentemente, está tudo no coração de
Jesus.
cancaonova.com: Há diferentes tipos de indulgências?
Felipe Aquino: Há dois tipos
de indulgências: a plenária e a parcial. A indulgência parcial é aquela que nós
conseguimos para uma alma do purgatório, e ela fica aliviada de parte de suas
penas. Na indulgência plenária, a alma fica aliviada de todas as suas penas, ou
seja, dali, ela vai para o céu.
‘Cumprindo-se 4 exigências,
pode-se ganhar uma indulgência plenária a cada dia’cancaonova.com: Podemos fazer as indulgências em qualquer época do ano?
Felipe Aquino: Sim. Podemos
ganhá-las todos os dias para a nossa alma ou para uma alma do purgatório. Basta
fazer uma boa confissão, participar da Eucaristia, rezar pelo o Papa pelo menos
um Pai Nosso e uma Ave-Maria. Depois, fazer uma das quatro coisas que eu vou
dizer agora: fazer meia hora de adoração ao Santíssimo Sacramento, meia hora de
leitura bíblica meditada, a via-sacra na Igreja, ou rezar um terço em família
ou na comunidade diante de um oratório com a imagem de Nossa Senhora. Cumprindo
essas 4 exigências, a pessoa pode ganhar uma indulgência plenária a cada dia,
uma vez por dia e para cada alma.
cancaonova.com: Podemos oferecê-la para alguém? Qualquer alma pode
recebê-las?
Felipe Aquino: Podemos
oferecer para qualquer alma do purgatório ou para nossa própria alma. A
condição é essa, que a alma esteja no purgatório.
cancaonova.com: Se eu ofereço a indulgência para alguma alma, preciso
continuar rezando por ela?
Felipe Aquino: Se você quiser,
continua rezando, mas se cumpriu as quatro exigências para a alma conseguir a
indulgência, pronto. Agora, se você quiser continuar rezando mais, pode.
cancaonova.com: Se eu rezo por alguma alma, mas ela já está no céu ou
no inferno, minhas orações são em vão?
Felipe Aquino: Não são. Todas
as orações pertencem à comunhão dos santos, que é a união da Igreja que está na
Terra, no Céu e no Purgatório. Qualquer oração, se não beneficia a Igreja
padecente no purgatório, pode beneficiar a Igreja militante na Terra.
cancaonova.com: E quanto às crianças que faleceram, também necessitam
de nossas orações?
Felipe Aquino: Recentemente, o
Papa Bento XVI colocou essa questão bem clara; ele pediu, inclusive, para a
Comissão Teológica Internacional do Vaticano estudar a questão. Eles foram bem
claros: a criança que morre sem o batismo está salva, vai para o céu. Mas a
Igreja recomenda que se reze por essa criança.
Fonte: www.cancaonova.com